sábado, 18 de maio de 2024

O SAPO

                                    

                                

À beira da estreita rua de terra umedecida pela chuva torrencial que lhe assolara, deleitava-se quieto, muito quieto, solitário sapo, sem imaginar o suplício do futuro a espreitar lhe.

  Seus grandes e vívidos olhos tinham luzes de pirilampos e brilhavam ainda mais, ao entreolhar curiosos garotos a lhe rodear.

  De repente: a tragédia! Os meninos lançaram lhe pesadas pedras e a cada pedra lançada, um salto a mais do pobre sapo, em sua  angustiante tentativa de desvencilhar-se da emboscada crucial.

  Esforços vãos: não suportando a intensa crueldade, pouco a pouco vai perdendo as forças e desfalece, enfim, numa poça d’água, lançando ainda um último olhar estupefato aos pequenos vândalos,como a entender e a perdoá-los.

    Ó Pobre sapo! Sua voz não é ouvida, mas o seu silêncio transmutará em dolente silvo de clamor, que ressoará por longo tempo na consciência dos garotos, fazendo-os repensar em profusão, sobre a tortura que lhe impuseram; e verão ainda, o  desabrochar de flores, no lugar do suplício de tão dolorosas pedras.

 

                                               Antenor Rosalino

 

 

segunda-feira, 6 de maio de 2024

FLAGELO

 

  

 

  Aqui fico profundamente compadecido e solidário com todos

os gaúchos no enfrentamento das terríveis tragédias sem

tréguas, causadas pelas chuvas torrenciais nunca vistas em

tão grande proporção, causando estarrecedores sofrimentos

e até mortes num cenário de doer o coração, no sul do país.

  Faço coro com a fervorosa corrente de orações de todos os

brasileiros para que tudo volte à normalidade o mais breve possível

e que Deus dê o conforto necessário às famílias que perderam seus

entes queridos.

 

   Profunda paz!


 

                                              Antenor Rosalino

 

terça-feira, 23 de abril de 2024

ANALOGISMO




Na colorida manhã primaveril

Reluz o sol em terra e mar.

No aconchego dos meus sonhos

Brilha a luz do teu olhar!

 

Sob o azul do imenso céu

Os campos belos...,  floridos!

Sob o teto em nosso lar

Algo etéreo a nos pairar.

 

Lá fora os dias são lindos

Mas pode o tempo mudar.

Cá dentro tudo é bonito,

Mas também pode transmudar.

 

Tudo passa nesta vida:

Flores, plantas, animais...

Só o  encanto do  amor

Não passará jamais!

 

Os passarinhos felizes

Entoam hinos de paz.

Nossa música tem fetiche

E vislumbra como o mar.

 

Os animais e as avezinhas

Se procuram sem cessar.

Meu olhar ardente e inquieto

Busca insano o teu olhar.

 

Nesta analogia poética

Fico perplexo e concluo:

Tudo é perfeito e divino

Dentro e fora do meu lar.

 

                  Antenor Rosalino

terça-feira, 9 de abril de 2024

REVELAÇÃO


O crepúsculo do entardecer,

Na orla azul do mar,

Banhava o teu corpo esbelto,

Enquanto as ondas brincavam

Com teu inocente olhar.

 

Neste instante de acalento

Na bela tarde rosicler,

Registrei em linda foto:

Teus encantos de mulher.

 

Percebendo o meu intento

Ao fitar-te, diversivo,

Teu rosto iluminou-se

Na ternura de um sorriso.

 

Foi então que percebi,

No fascínio deste olhar,

Um milagre de amor:

Estás apaixonada por mim,

Que nunca ousei confessar-te,

Mas morro de amor por ti.

 

 

                 Antenor Rosalino

quinta-feira, 28 de março de 2024

A VOZ DO CORAÇÃO

 

 

Nos momentos aflitivos,

quando a alma sôfrega

aventa no labirinto dos pensamentos

as lágrimas de dor,

uma voz se faz ouvir:

é a voz do coração

- refrigério súplice das

profundezas do nosso âmago -,

que ecoa em transcendente bênção divina,

insurgindo corolários de um destino

que induz ao enternecimento vívido

da ternura de um frouxel de ninho.

Essa voz, quando ouvida,

transmuda as chagas em cicatrizes

e o exaspero do pranto e da saudade

em lágrimas vindouras de esperança

na inovação da felicidade

esquecida e postergada.

 

                     Antenor Rosalino

 

 

 

quinta-feira, 14 de março de 2024

DEMAGOGIA



Vê?

É vil.

Camufla piedade

Aos mais necessitados.

 

Chovem promessas...

Estratagemas loquazes

Enígmas de toda sorte,

Arautos de sua luz.

 

Girândolas, afinal, enunciam:

Fora eleito!

Cobranças logo virão,

Mas serão nuvens passageiras...

 

Esquece as distantes plagas,

Onde tanto estendera as mãos.

Só resta à inocente plebe:

Dar adeus às ilusões.

 

          Antenor Rosalino


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

LÁGRIMAS

 

   

Tanto pranto a formar pequenas pétalas,

A correr em faces maculadas, dóceis, angelicais...

Como uma lança ferindo corações

Que padecem e suplicam em seus ais.

 

Desatinos, incompreensões, amarguras...

Vidas vazias, mas cheias de ternura

Tantos motivos levando ao desconsolo

Mas tantas razões para a esperança vindoura.

 

Lágrimas ardentes que fluem e deslizam.

Sufocam e caem deixando rastros hostis,

Como a brincar com tão puros sentimentos,

De sensibilidades puras e infantis.

 

Oh! Murmúrios cálidos que sufocam...

Quietude ímpar de aflição!

Gotas que externam a explosão interna

A lembrar passiva: os deslizes, a dor, a ilusão...

 

Entre suspiros sentidos

Vagueiam confusos pensamentos a torturar:

Arrependimentos, desejos, sonhos desfeitos...

Fazem-se presentes em cada terno olhar.

 

Olhares a reluzirem como as próprias lágrimas,

A suplicar o que só a esperança traz.

O amanhã será novo dia:

Que todo pranto se reverta em paz.

            

                          Antenor Rosalino